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  • Foto do escritorKatherine Carvalho

A arte nasce da tristeza

Ando pensando nisso com certa frequência, e cheguei à inegável conclusão de que produzo coisas muito mais bonitas quando estou triste do que quando estou feliz. Deprimente? Sim, um pouco. Revoltante? Claro que não. Compreensível? Decerto que sim.


A verdade é que, feliz, entro num estado quase catatônico — eufórica e anestesiada de felicidade, acabo não produzindo nada. E se produzo, o resultado é superficial e vago, simplesmente porque estou ocupada demais sendo feliz para me preocupar com detalhes de texto e arte.


Por outro lado, quando triste, me ocupo mais em deixar perfeito tudo que me proponho a fazer. A tristeza desperta em mim um lado artístico que toda vez me surpreende, como se eu nunca o tivesse visto, e banhada em tristeza, capricho nos detalhes, faço floreios, cuido de cada pedacinho, e o resultado é profundo, completo e cheio de significado, porque estou tão imersa na tristeza que preciso extravasar cada centímetro cúbico de dor — preciso expô-la, explicá-la, desenhá-la, compartilhá-la, para que compartilhando, ela doa menos.


A pergunta inevitável a se fazer em seguida é se eu pretendo me manter triste para o resto da vida, afinal, eu vivo do que produzo, e não produzo tão bem quando estou feliz. Parece determinante, não? Afinal, não há outra saída senão se manter eternamente triste? Porém, devo dizer que existe todo tipo de almas, felizes e tristes, mas que pessoas felizes também sentem tristeza de vez em quando, e vice-versa.


Nada está lavrado em pedra. Assim, não se enganem: haverá conteúdos ótimos e conteúdos não tão bons, e você saberá identificar meu humor pela qualidade dos meus textos — com o tempo, passa a ser quase intuitivo. Então mesmo que às vezes vocês me encontrem pulando de alegria e produzindo textos rasos como um pires, logo em seguida, virão conteúdos densos que te fazem querer chorar, porque mesmo invariavelmente feliz, minha alma continua sendo, em suma e em essência, uma substância pura e irremediavelmente triste.

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Por Katherine Carvalho

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