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  • Foto do escritorKatherine Carvalho

Andar de mãos dadas

Não importa nossa idade, quando sairmos de casa, eu sempre vou andar com você de mãos dadas.


Não consigo entender como as gerações de hoje em dia se desacostumaram a andar de mãos dadas tão depressa — ontem mesmo vi na rua um menininho de uns 5 anos a caminho da escola, andando a vários passos de distância de sua mãe, que o seguia como se quem guiasse fosse a criança, e não o contrário.


Eu me senti estranha, deslocada, como se não pertencesse mais a esse mundo. Acho que depois de ver tantos valores invertidos na sociedade atual, o não-andar-de-mãos-dadas deveria me incomodar menos.


Mas é algo simplesmente inconcebível pra mim, uma vez que desde que me entendo por gente, minha família só anda de mãos dadas aonde quer que vá. Quando eu era pequena, minha mãe pegava minha mão assim que a gente pisava fora de casa — e se eu não estava de mãos dadas com ela, ou estava com minha irmã mais velha, ou com meu pai.


Depois que eu cresci, minhas mãos nunca ficaram vazias. Embora eu não precisasse mais ser conduzida ou protegida ao atravessar a rua, eu continuei de mãos dadas com a minha mãe, e percebi que ela também andava de mãos dadas com a minha avó. E eu lembro que quando viva, minha avó andava de mãos dadas com a minha bisavó também.


Talvez seja tradição de família, talvez seja um pouco antiquado, mas sei que, mesmo inconscientemente, farei isso com meus filhos também, porque é uma forma de mostrar a eles que não estão sozinhos, e que a minha mão estará sempre lá para ampará-los, ainda que eles nem sempre precisem da minha ajuda.


Dessa forma, formamos uma espécie de corrente que nunca se quebra. Estou conectada a elas pelas mãos — e não importa o que aconteça, nós não nos soltamos. Na pior das hipóteses, poderemos nos distanciar apenas por um tempo, mas depois com certeza nos encontraremos, e poderemos, finalmente, entrelaçar nossos dedos uns nos outros de novo.

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Por Katherine Carvalho

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