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Assédio nos estádios

Foto do escritor: Katherine CarvalhoKatherine Carvalho

A batalha das mulheres contra o assédio nos estádios atinge proporções nacionais com o surgimento de campanha feminista

Estádio de futebol lotado de espectadores

Thaís Odorissi Oliveira tinha apenas 13 anos quando, pela primeira vez, entrou num estádio para assistir ao seu amado Grêmio e ouviu da arquibancada um homem chamando seu pai de “sogrão”. Infelizmente, a realidade nos estádios ainda é essa para as amantes de futebol em pleno século XXI.


A prática já familiarizada do assédio


Não obstante, as profissionais do jornalismo esportivo também sofrem com a violência e o assédio num ambiente que é visto prioritariamente como masculino. Foram dois casos muito parecidos em 2018, com as repórteres Bruna Dealtry e Renata Medeiros, em que ambas receberam beijos na boca de torcedores e alegaram ficar extremamente constrangidas e sem reação.


Os dois casos revoltantes com as respectivas repórteres serviram de empurrão final para uma causa que viria a nascer de forma humilde e determinada.


Nesse contexto de desrespeito e humilhação para com as mulheres, surgiu, a princípio, uma hashtag no Twitter e, a partir dela, uma campanha feminista que ganhou força até atingir âmbitos nacionais.


Deixa ela torcer


Segundo Thaís Odorissi, uma das criadoras da campanha, a #DeixaElaTorcer tem como objetivo incentivar mulheres a se expressarem e a exporem uma realidade que, muitas vezes, passa despercebida. “Muitos homens não têm a mínima noção do quão difícil é ser mulher e frequentar um ambiente masculino e hostil pra gente”, diz Thaís.


A campanha, criada por um grupo de amigas gremistas indignadas com a grande quantidade de assédio nos estádios, atingiu rapidamente os trending topics do Twitter, sendo aderida, inclusive, por outros times.


“Clubes compartilharam nossa hashtag, e eu notei que a campanha serviu de alavanca para o assunto. Depois dela, outras campanhas surgiram e houve um aumento no número de mulheres denunciando, nas redes sociais, as agressões que sofreram”, emenda Thaís.


Uma luta (finalmente) reconhecida


A luta das mulheres, agora, não está mais na escuridão. Thaís lembra que ela e suas amigas apaixonadas pelo Grêmio se uniram para formar a campanha e para poder falar de futebol sem sofrer ridicularização ou inferiorização.


“É uma forma de denunciar a violência e demandar a atenção dos clubes, da mídia, dos torcedores, mostrando que o desrespeito não vai mais ser tolerado”.


Em estádios ou não, apaixonadas por futebol ou não, mulheres e meninas como Thaís, tanto a criadora da campanha como a menina que sofreu assédio aos 13 anos, têm o direito de ir e vir quando e como quiserem, com segurança e com respeito.


“Nos preocupamos em sempre incentivar torcedoras ‘iniciantes’ a não deixarem de frequentar os estádios se elas ali desejarem estar”.

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