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A casa entre céu e inferno

Foto do escritor: Katherine CarvalhoKatherine Carvalho
Avião voando acima das nuvens no céu

Havia uma casa construída entre o Céu e o Inferno. Quatro pessoas moravam lá. Duas iam para o Céu, duas iam para o Inferno. Poderiam elas amar umas às outras, estando umas no Inferno, e outras no Paraíso?


A casa era o purgatório, para onde pecadores e santos voltavam depois de viver suas vidas opostas, Céu e Inferno tomando o café da manhã na mesma mesa. E depois do café, se separavam.


Quando a campainha tocou, a porta se abriu sozinha. O visitante dizia se chamar Ele, e se sentou à mesa ao lado dos santos e dos pecadores. Ordenou que trocassem de lugar por alguns dias. Eles se horrorizaram.


Mas Ele disse, e a palavra Dele era ordem.


No dia seguinte, os santos foram ao Inferno. Mal recebidos, sentiram-se desconfortáveis naquele mundo que não conheciam, e tentaram converter os pecadores, que os mandaram embora. Voltaram a Ele pedindo perdão pelo fracasso.


No mesmo dia, os pecadores foram ao Céu. Incompreendidos, foram condenados à danação eterna, termo que ainda não conheciam. Voltaram a Ele pedindo perdão pelo fracasso.


De volta à casa, Ele ordenou que santos e pecadores se misturassem. Sem se tocarem, os opostos foram obrigados a tolerar-se em silêncio. Por ordem Dele, deram-se as mãos e recitaram a reza dos santos, depois a reza dos pecadores. Então, Ele pediu que tentassem novamente, e a palavra Dele era ordem.


Naquele segundo dia, os santos entraram no Inferno e perceberam que continuavam amando a Deus da mesma maneira, e voltaram a Ele felizes, lhe contando suas descobertas. Da mesma maneira, os pecadores foram ao Céu e aprenderam a rezar, ouvindo pela primeira vez a palavra de Deus, que apesar do que diziam os santos, não pregava aquele ódio todo que tanto ouviam falar, e voltaram a Ele felizes, lhe contando suas descobertas.


Pela terceira vez, agora satisfeito, Ele se sentou à mesa e viu que santos e pecadores não mais se repudiavam. Se não se amassem, ao menos se compreendiam e respeitavam, e por ora, isso era suficiente.


Um recado da autora: só pra deixar claro, eu não acredito em céu e inferno


É que existe uma coisa chamada "licença poética", então eu, como escritora, tenho total direito de falar sobre coisas que eu não acredito na prática. Não leve tudo que eu escrevo tão a sério, tá bom? Nem ao pé da letra.

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