![Homem perdido na estrada olhando um mapa](https://static.wixstatic.com/media/41b8a4_6fabdce7c9ef40b5856b51d145f8e2ad~mv2.jpg/v1/fill/w_980,h_653,al_c,q_85,usm_0.66_1.00_0.01,enc_auto/41b8a4_6fabdce7c9ef40b5856b51d145f8e2ad~mv2.jpg)
Separe mentalmente as coisas que você perdeu daquelas que você decidiu não ter. Tem uma grande diferença entre perder algo que se ama e decidir, por livre e espontânea vontade, mandar alguém embora. Em essência, o vazio que fica é o mesmo, mas é importante saber reconhecer o motivo exato de cada partida.
Quando se perde, perdemos também uma parte da gente. Perder é contra a vontade — ninguém nunca quer perder nada, mas mandar embora é voluntário, faz parte das nossas decisões mais importantes. O vazio que fica é o mesmo, mas o motivo de ele existir é diferente. E sendo diferente, não vale a pena sofrer igual. Lembre-se disso quando você decidir mandá-lo embora.
Dói perder e também dói mandar embora. E doendo, a gente percebe que são dores parecidas, mas não iguais. A dor de perder é latejante, intensa, perdura por muito tempo — machuca e provoca cicatrizes que não desaparecem nunca. Dói no coração, dói na mente e dói ainda mais na alma. A dor de perder é permanente, a gente só se acostuma com ela.
A dor de mandar embora é diferente: abre feridas e deixa a pele em carne viva, exposta às mais terríveis condições — e pouco tempo depois, cresce ali uma pele nova, primeiro mais fina, mas mais resistente. É importante que você perceba que aquele que você mandou embora nunca tocou nessa pele nova.
E haverá um dia em que essa pele nova recobrirá o corpo todo, e toda a memória dele terá sido apagada. Consequentemente, a dor também. Mandar você embora doeu bastante, por um tempo, e depois curou bem rápido. Minha pele se refez, várias vezes depois de você, e você nunca chegou a tocar na pessoa que sou hoje. Na época, a dor que senti foi insuportável.
Mas eu acho que teria doído muito mais ter insistido em manter você comigo.
Um recado da autora: não me arrependo das coisas que decidi não ter
E sofrer por elas me fez uma pessoa mais forte. Calejada, machucada, talvez até um pouco ressentida, mas forte, muito mais forte. Quanto às que eu perdi... talvez tenha sido melhor assim. Nada acontece sem um motivo, e eu acredito piamente nisso.
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