![Homem carregando duas crianças no colo enquanto corre atrás de uma terceira](https://static.wixstatic.com/media/41b8a4_dbf5b49db0c145b3a39451afa12704de~mv2.jpg/v1/fill/w_980,h_653,al_c,q_85,usm_0.66_1.00_0.01,enc_auto/41b8a4_dbf5b49db0c145b3a39451afa12704de~mv2.jpg)
Ele sempre compra sapatos um número menor e tenta alargá-los colocando uma madeira dentro
Ele inventa palavras
Ele tem seu dialeto próprio (trânsito, ele diz “tarãn”, mochila é “muchiba”, problema é “piboma”, e assim por diante)
Ele criava musiquinhas para cada situação: para ir ao parquinho, para andar de bicicleta, para ir pra escola, para acordar no sábado de manhã, para quando a gente se perdia em alguma viagem
Quando a gente brincava de médico, ele era o paciente e dizia que seu nome era Peixoto Gomide
Ele raramente sente calor pois diz que é “descendente dos camelos”
Quando o tempo está seco, ele diz que tem “pregos no nariz”
Ele grita “TOCA RAUL” nos bares e restaurantes com música ao vivo
Ele odeia shoppings, mas me levava de boa vontade toda vez que eu queria comprar um livro novo
O café da manhã favorito dele é pão francês com manteiga e café com leite
Sua frase mais marcante é “em todo lugar tem água”
Ele abrevia tudo o que puder escrever (exemplo: “QTB = quer que te busque?” ou “QCAC = quer que compre alguma coisa?”)
Ele guarda meias usadas debaixo do travesseiro
Ele leva susto toda vez que alguém tenta acordar ele
Ele odeia gritos
Ele tem medo do cachorro da minha irmã (que é muito dócil)
Ele me ensinou a comer mexerica
Ele gosta de guardar potinhos e recipientes mesmo que nunca vá usar (puxei isso dele)
Ele costumava roubar canecas e copos dos restaurantes, mas parou de fazer isso quando percebeu que poderia ser um mau exemplo para suas filhas
Ele sabe desenhar muito bem
Ele construiu um castelo em miniatura pra mim pra uma atividade da escola
Ele me mimava tanto que aceitou instalar uma rede no meio da sala só porque eu queria me balançar assistindo TV (a gente sempre morou em apartamento)
Quando adotamos os gatos, ele não lembrava o nome deles e só os chamava de Cinzinha e Laranjinha
Quando o gato estava bravo, ele dizia que “ele vai me runhar”
Ele nunca aceitava voltar pra casa caso a gente esquecesse alguma coisa, pois dizia que “esqueceu, esqueceu”
Ele ri sozinho assistindo a pegadinhas
Ele acha que todas as doenças podem ser resolvidas chupando bastante laranja
Ele incentiva todo mundo a fazer exercícios físicos
Ele guardava dinheiro durante o ano todo e perto do Natal abria o cofrinho (nós amávamos)
Ele me ensinou a gostar de Zé Ramalho
Ele ficou internado por 16 dias quando era jovem por causa de uma crise de ciática
Ele ama ficar no sol e ama praia, mas não é muito de entrar na água
Ele tentou me ensinar a nadar, mas eu tinha medo e, no fim, acabei aprendendo sozinha, meio que sem querer
Ele não sabe falar “Harry Potter” (ele pronuncia Réuri Póti), e também não sabe falar “Katy Perry” (a pronúncia é Péuri)
Ele chamava o Troy Bolton (do High School Musical) de Estroy (não sei por quê)
A música favorita dele de todos os tempos é “I gotta feeling” do Black Eyed Peas
Ele não gosta de nenhum barulhinho dentro do carro enquanto está dirigindo
A linguagem do amor dele provavelmente é toque físico
Ele odiava que a gente comesse dentro do carro, mas no dia em que derrubei refrigerante no banco, ele não brigou comigo (mas eu senti que ele queria muito dar um grito)
Quando fazíamos bagunça, ele ameaçava chamar o zelador (falecido Seu Calisto)
Quando ainda morávamos em São Paulo, ele me contava a história da Monga, uma gorila fêmea assassina que vivia trancada no último andar do prédio, e por causa disso eu nunca tive coragem de ir lá em cima sozinha
Eu só tinha coragem de descer a ladeira da casa da minha avó no carrinho de rolimã com ele
Ele tentou me ensinar a jogar bolinha de gude, mas eu nunca aprendi
Ele é muito bom em sinuca
Ele construiu sozinho telas para todas as janelas do apartamento porque nós tínhamos muito medo de insetos
Quando encontrei uma barata dentro da minha camiseta, fiquei tão nervosa que ele me deu um copo de água com açúcar, e eu engasguei e quase morri duas vezes: uma de susto, outra por asfixia
Hoje eu tenho um hidratante de cabelo que tem o exato cheiro da loção de pós-barba dele
Eu e ele nos comunicamos por cartas, e eu tenho todas guardadas
Ele sempre assiste filmes aleatórios e, quando vem contar pra gente assistir também, não sabe o nome, nem quem são os atores, nem nada, então todos os filmes que ele já assistiu ficam eternamente num limbo da mente dele
Ele enrola a beirada das bermudas até o tecido ficar torcido, e eu acho que essas minhas manias esquisitas eu herdei tudo dele, pai, você é o culpado
Eu ensinei ele a jogar xadrez, mas até hoje suspeito que ele me deixava ganhar
Escrever as curiosidades estranhas sobre meu pai foi extrema e surpreendentemente fácil
Quando fiz a lista de curiosidades estranhas sobre minha mãe e sobre a minha irmã, precisei de ao menos 3 dias para reunir todas as lembranças a respeito de cada uma delas. Mas para fazer a do meu pai, foram necessárias apenas algumas horas. Talvez porque ele seja a pessoa que está mais longe de mim nesse momento, então as memórias afloram com mais facilidade.
Ou talvez porque ele sempre tenha sido essa pessoa tão peculiar e única que é impossível esquecer de cada detalhe, cada pequena coisa que ele fazia, cada pequena coisa que ele dizia, no meu dia a dia aqui, em outro estado, longe, muito longe.
É impossível eu não pensar que sou mesmo filha do meu pai porque gosto tanto de sol e de calor, é impossível eu não pensar que sou mesmo filha do meu pai porque gosto das minhas coisas todas bem organizadinhas, bem arrumadinhas, e não gosto que ninguém mexa ou as tire do lugar, que sou mesmo filha do meu pai porque ele é virginiano e eu tenho Lua em Virgem.
É impossível não pensar que sou mesmo filha do meu pai porque, mesmo de longe, eu me pego fazendo as coisas que ele faz e dizendo as coisas que ele diz, e às vezes minha mãe fala “seu pai que fazia isso” ou “seu pai que falava isso”, e bom, que pena que estamos tão longe agora, pai, eu em Curitiba, você em São Paulo, porque se estivéssemos perto, poderíamos estar fazendo as mesmas coisas e dizendo as mesmas coisas aqui, juntos, talvez não ao mesmo tempo, mas sempre de forma idêntica, porque não tem jeito, eu sou mesmo filha do meu pai.
Também posso colaborar
Passa no debo (debito), quando paga com cartão hahaha
ou
“acodazinhaaa na casa do tio azinhaaa 🎶 🎶” acho que era isso, uma das músicas pra acordar hahahah.. sempre muito engraçado 🤣
Muitooo bommm. E são tantas palavras que ele criava e que ficaram: "lombilda (lombada)", "vampira (pessoa chata)", "cada uma, que não são duas", e tantas outras, que falamos todos os dias e faz a gente se lembrar dele 😊