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O que o espiritismo me ensinou (e me ensina) até hoje

  • Foto do escritor: Katherine Carvalho
    Katherine Carvalho
  • 6 de abr.
  • 9 min de leitura
Homem parado observando o céu

Tudo o que sei hoje sobre o espiritismo eu devo à minha avó materna. Mulher católica, conheceu a doutrina espírita já na idade adulta, se identificou, se aprofundou nos estudos, leu muitos livros, me levou na Federação quando eu ainda era pequena. 


Ela é o maior exemplo de bondade que conheço, e se você ler esse texto até o final, vai perceber que é só sobre isso que o espiritismo fala: sobre fazer o bem. Ao contrário do que muitos pensam, por ignorância ou por puro preconceito, espiritismo não é do demônio e nem coisa de gente doida. 


Escrevi esse post pra mostrar pra você tudo que o espiritismo me ensinou (e me ensina) até hoje, mas se você quiser saber mais sobre a doutrina, esse artigo aqui é muito bom.


Nada acontece por acaso 


A gente tende a pensar “caramba, por que isso aconteceu?”, mas se você é espírita, talvez saiba que essa pergunta é inútil. Um dos princípios do espiritismo é a lei de causa e efeito. Quando você estuda a doutrina, aprende que nada é por acaso. 


Tudo o que acontece com a gente no presente é resultado direto de nossas ações passadas, sejam elas boas ou más, nessa vida ou nas anteriores. 


Então não existe injustiça, não existe punição. Acho que esse é o ensinamento que eu mais gosto no espiritismo: Deus não castiga ninguém. Tem gente que questiona a religião dizendo “como Deus permite que coisas ruins aconteçam?” e a resposta é: Deus não permite.


Tudo de ruim que acontece é consequência do que eu e você fizemos no passado. Deus não tem nada a ver com as escolhas ruins que fazemos. A gente só tá pagando pelos “crimes” que cometemos.   


Então se você está passando por um momento difícil, alguma doença, a perda de um ente querido, não diga que a vida é injusta ou que Deus não existe. Deus existe, sim. É a sua alma que está sendo expiada de erros anteriores – mesmo que você não se lembre. 


No espiritismo, o sofrimento é visto não como castigo, mas como uma oportunidade pra gente aprender e evoluir. 

 

A gente colhe o que planta 


De certa forma, esse tópico se relaciona com o primeiro, mas aqui eu vou focar na questão da bondade em si. 


Partindo do fato de que a alma é imortal, todos os nossos atos têm consequências que podem se refletir nessa ou nas próximas vidas. Se você planta o bem, você colhe o bem. Se você planta o mal, você colhe o mal. Na verdade, é bem simples. 


Tem muitas músicas que falam sobre isso e algumas religiões, como o budismo e o hinduísmo, chamam de karma. É a lei do retorno, ação e reação, até a Física fala sobre isso. Tudo que vai, volta. É a natureza.


“Ain, mas não é oportunismo você fazer coisas boas só porque quer receber coisas boas em troca?”, meu filho, se você não liga de receber coisas ruins, o problema é seu, eu fico com as coisas boas. 


Eu é que não vou plantar maldade por aí sendo que vou ter que pagar por cada uma delas quando reencarnar de novo na Terra. Se isso é ser oportunista, que seja.    


E se você parar pra pensar, no catolicismo tem uma crença parecida, só que exposta de outra forma: lá eles pregam o Céu para os bons e o Inferno para os maus (basicamente). Pra você ver que não somos tão diferentes assim – toda religião prega basicamente a mesma coisa: o amor e fazer o bem. 


A morte não é um ponto final 


Lembro que quando eu era criança, gastava muito tempo refletindo sobre questões filosóficas e sempre me perguntava pra onde a gente ia depois de morrer. Porque pra mim, mesmo tendo tido uma criação razoavelmente católica, nunca me agradou a ideia de um Céu e de um Inferno.


Não parecia plausível a ideia de morrer e pronto, acabou, vamos pro céu viver eternamente. Se você acredita nisso, perfeito, problema nenhum, mas aqui é o meu espaço de pensamento. 


E desde criança eu penso: não, não pode ser. Tem que ter algo depois. E quando eu comecei a estudar o espiritismo, eu entendi. Tem algo depois: a vida. Outra vida. E outra. Depois outra, e outra, e outra, quantas forem necessárias pra gente evoluir, pagar por tudo que fez e alcançar um pouquinho da perfeição que era Jesus.


Então, pra nós, a morte não é um ponto final. Os espíritas tendem a ver o fluxo da vida de outra forma: ninguém que confia no espiritismo enxerga a morte como uma coisa ruim ou definitiva. A gente sabe que não é um adeus.


A vida é um ciclo, não acaba, apenas recomeça. E me agrada muito, muito mesmo, a perspectiva de reencontrar quem eu amo aqui mesmo, na Terra, na minha próxima vida.


Mesmo que em outro corpo, em outra cidade, talvez até em outro país. Porque ainda que eu não me lembre deles, eu sei que minha alma vai reconhecê-los.   


Não é a primeira vez que eu piso nesta terra


Eu sei que meu espírito não corresponde à idade que tenho hoje. Isso é fato. Eu me sinto mais velha, mais cansada, do que uma mulher de 25 anos. É como se eu tivesse visto e vivido mais coisas do que uma pessoa de 25 é capaz de ver e viver. Demorei pra entender que não é a primeira vez que eu piso nesta terra.


Você já teve um déjà-vu? Saiba que tem uma explicação no espiritismo pra isso também e esse artigo aborda o tema de uma forma bem didática. Se me sinto cansada, talvez seja porque já vivi muitas vezes. Se reconheço algum lugar, talvez seja porque eu já passei por aqui. Se acho uma pessoa familiar, talvez seja porque eu já a conheça. É como eu disse, depois do espiritismo, você vê o mundo de outra forma. 


Não preciso me vingar de ninguém 


Não gosto de ser vingativa. Sou pisciana, sou vingativa por natureza, mas luto contra essa natureza porque apesar de pisciana, sou espírita, e os espíritas não acreditam em vingança. Nós acreditamos na lei do retorno.


Mas eu entendo quem pratica o “se me trair, vou trair de volta” ou “se me machucar, vou machucar também”, afinal, quem nunca, né? Somos humanos. A única pessoa na história que conseguiu oferecer a outra face foi Jesus.


No entanto, estudando o espiritismo, você compreende que, se alguém te machuca, você não precisa se vingar, porque ao te machucar, essa pessoa está automaticamente machucando a si mesma. 


Lembra do “você colhe o que planta”? Pois então. Essa pessoa escolheu plantar algo que ela não vai gostar de colher – e isso não tem nada a ver com você. “Ain, mas é difícil aguentar calado quando alguém te faz mal”, não precisa aguentar calado, amore, só não precisa se vingar. Deixa que o troco, a vida dá. 


Portanto, fica na paz. Todo mundo vai ter o que merece e vai receber de volta exatamente o que deu. Se isso te assusta, recomendo praticar mais o bem. 


Se nos lembrássemos das vidas passadas, não conseguiríamos viver em paz


Muitas vezes eu quis lembrar. Quem eu fui na vida passada? Onde eu vivi? Quem eram meus pais? O que eu fiz de bom? O que eu fiz de ruim? A perspectiva de lembrar é, pra mim, ao mesmo tempo tentadora e apavorante. 


A curiosidade é imensa, mas e se eu tiver sido uma pessoa ruim? E se eu tiver feito coisas horríveis? E se eu tiver sofrido mais do que já sofro nessa vida? E se eu tiver sido, sei lá, uma princesa, e agora for uma CLT? Sério, acho que eu ficaria muito deprimida.


É por isso que Deus não permite que a gente se lembre. Enlouqueceríamos, com certeza. A vida viraria uma bagunça e não conseguiríamos viver em paz. Mas o importante é que a alma não esquece: nosso espírito sabe exatamente por que passamos pelo que estamos passando, e isso é suficiente.  


A alma é imortal e é possível lembrar das nossas vidas passadas


Mas existem exceções. Algumas pessoas (sortudas? Azaradas? Vai saber) se lembram de suas vidas passadas e isso sempre gera muito burburinho, muita repercussão. Há aqueles que dizem que a pessoa está inventando pra chamar atenção e há aqueles, normalmente espíritas, que reconhecem o corpo cujo espírito se lembra


Inclusive recentemente viralizaram muitos casos de pessoas comentando sobre suas lembranças de vidas passadas – até a Sasha, filha da Xuxa, teve episódios mediúnicos na infância. A maioria dessas experiências acontece com crianças, já que elas têm uma tendência maior à mediunidade do que os adultos. Essa matéria da CNN fala sobre esses casos de uma maneira muito interessante. 


Você pode até não acreditar que são lembranças reais de vidas passadas, mas então te desafio a encontrar uma explicação plausível para isso.


Animais têm alma e eles voltam pra nós 


Uma das coisas que mais me chocaram quando trabalhei na Redevida (emissora católica de televisão) foi descobrir que, no catolicismo, acredita-se que animais não têm alma. Lembro que me senti extremamente revoltada, porque, como assim o meu Max, meu precioso Max, meu gatinho, não tem alma? Não é possível. Ele tem alma, sim! 


Foi uma alegria quando eu descobri que, no espiritismo, acredita-se que os animais não só têm alma como também reencarnam! E o que me conforta é saber que, quando o Max for embora, porque ele infelizmente não é eterno, ele poderá voltar pra mim (acredito que nossa conexão é suficientemente forte pra isso). 


“Ain, Kathe, duvido”, tá bom então, seu descrente, deixa eu te contar uma história. Sabe o Chico Xavier? Ele foi simplesmente um dos médiuns brasileiros mais famosos e importantes na história do espiritismo e você com certeza já ouviu falar dele, de seus muitos livros escritos e cartas psicografadas. 


Acontece que Chico Xavier tinha uma cachorrinha chamada Boneca, que sempre que o via, pulava em seu colo, e quando Chico dizia “Boneca, estou cheio de pulgas!”, a cachorrinha o lambia como se caçasse as pulgas. Boneca morreu de velhice e Chico sentiu muito sua perda. 


Eis que alguns amigos resolvem alegrar Chico com uma nova cachorrinha, então deram a ele uma filhotinha da mesma raça de Boneca. Ao chegar, a filhote estava assustada e não interagia com ninguém, mas quando Chico a pegou no colo e falou “Boneca, estou cheio de pulgas!”, a filhotinha fez exatamente a mesma coisa que a antiga Boneca fazia. 


Daí as pessoas que estavam com ele gritaram: meu Deus, é a Boneca?! E Chico respondeu o seguinte:


“Quando nós amamos o nosso animal e dedicamos a ele sentimentos sinceros, ao partir, os espíritos amigos o trazem de volta para que não sintamos sua falta.


É a Boneca, sim, e ela está ensinando a esta filhota os hábitos que me eram agradáveis. Nós seres humanos, estamos na natureza para auxiliar o progresso dos animais, na mesma proporção que os anjos estão para nos auxiliar.


Por isso, quem maltrata um animal é alguém que ainda não aprendeu a amar”.


Nesse site aqui também tem alguns ensinamentos importantes que o Chico Xavier nos deixou, se você quiser ler. 


O passe tem um poder curativo


Eu tinha 15 anos quando fui num Centro Espírita pela primeira vez na vida. Estava no auge da depressão, tinha acabado de ser diagnosticada e achava, do fundo do coração, que nunca ia sair do fundo do poço. 


Não conhecia muito sobre a doutrina (comecei a estudar depois disso), então minha mãe me disse que íamos ouvir a palestra (em que eu chorei muito, muito mesmo) e depois tomar o passe. Eu fui tomar o passe sem nem saber o que era o passe, e eis que eu tive a experiência mais absurdamente maravilhosa da minha vida.


E eu não tô exagerando. 


Pra quem não sabe o que é o passe: é uma prática que consiste em impor as mãos sobre alguém para promover a doação de energias. O passista não encosta em você, mas há uma intensa conexão rolando ali que ninguém, eu juro, ninguém consegue explicar.


No meu primeiro passe eu estava destroçada pela depressão. Não tinha fé em nada, não via futuro em nada, não tinha esperança em nada, não sentia prazer em nada. Eu só… existia. Mas quando entrei na sala do passe senti imediatamente alguma coisa, não necessariamente uma presença, mas algo maior


E então eles começaram a rezar e a passista que se posicionou na minha frente, eu lembro até hoje do rosto dela, não só me transmitiu energias boas como também expurgou de mim tudo de ruim que eu estava sentindo. 


Foi como se alguma coisa poderosa sugasse a escuridão pra fora, eliminando do meu corpo todas as partes podres, os pensamentos obscuros, os sentimentos indesejáveis. Chorei tanto, mas tanto, que saí de lá com o rosto todo inchado. Mas foi um choro diferente. De alívio. 


Voltei pra casa com uma sensação de paz que não sentia há meses. Desde então, cada sessão de passe é muito especial pra mim. E se você ainda não experimentou, eu recomendo ir com o coração aberto. Não vai se arrepender. 


O espiritismo não é rival de nenhuma outra religião


Os espíritas, literalmente, só estão preocupados em fazer o bem, em espalhar caridade pelo mundo e em amar uns aos outros da forma que Jesus ensinou. Não tentamos converter ninguém. Alguns nem sequer consideram o espiritismo uma religião. 


Então se você vê alguma rixa entre certos tipos de crenças, ou se enxerga alguma rivalidade aqui, o problema está em você, não em nós.


Espiritismo é, acima de tudo, sobre amor (a mim mesma e ao próximo) 


Acho que, no fundo, todas as religiões são. Se a gente parar pra pensar, na essência, toda religião é boa. O que estraga é o fã-clube. Reflitam.

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