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  • Foto do escritorKatherine Carvalho

Eu continuo sendo a mesma

Eu não mudei nada. Continuo sendo a mesma.


Um pouco melhor, um pouco mais madura. Um pouco mais calejada, um pouco mais quebradiça. Mas ainda a mesma na essência, ainda a mesma por dentro. Se você quiser, poderá me reconhecer. Se você quiser me procurar, saberá me encontrar.


Talvez não no mesmo lugar, não com o mesmo cheiro. Talvez o meu toque esteja diferente, talvez eu não fale mais as mesmas palavras de antes. Talvez eu chore lágrimas estranhas, talvez eu não aceite mais o que costumava aceitar. Talvez eu seja outra, mas ainda sou a mesma.


Talvez, se não procurar direito, você não me encontre.


Mas ainda estou aqui. Ainda sinto tudo o que sentia, ainda me estilhaço com as mesmas coisas, ainda choro ouvindo as mesmas músicas, ainda amo o que amava antes. Eu não mudei nada, mas tem dias que você passa por mim e não me vê — tem dias que você passa por mim e não me reconhece.


Mas eu continuo sendo a mesma. Meus olhos ainda veem, minhas mãos ainda escrevem e meu coração ainda bate — nada mudou, tudo está onde deve estar. Eu continuo sendo a mesma — inteira, partida, flamejante, vazia — e basta você olhar com atenção, duas vezes, ou talvez três, para enxergar que ainda estou aqui.


Você está disposto a olhar?


Eu nunca fui embora. E apesar de ser, hoje, apenas um pouco mais do que fui ontem, você ainda não consegue me ver.


Talvez não seja mesmo para você me encontrar.

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Por Katherine Carvalho

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