Eu não mudei nada. Eu continuo sendo a mesma.
Um pouco melhor, um pouco mais madura. Um pouco mais calejada, um pouco mais quebradiça. Mas ainda a mesma na essência, ainda a mesma por dentro. Se você quiser, poderá me reconhecer. Se você quiser me procurar, saberá me encontrar.
Talvez não no mesmo lugar, não com o mesmo cheiro. Talvez o meu toque esteja diferente, talvez eu não fale mais as mesmas palavras de antes. Talvez eu chore lágrimas estranhas, talvez eu não aceite mais o que costumava aceitar. Talvez eu seja outra, mas ainda sou a mesma.
Talvez, se não procurar direito, você não me encontre.
Mas ainda estou aqui. Ainda sinto tudo o que sentia, ainda me estilhaço com as mesmas coisas, ainda choro ouvindo as mesmas músicas, ainda amo o que amava antes. Eu não mudei nada, mas tem dias que você passa por mim e não me vê — tem dias que você passa por mim e não me reconhece.
Mas eu continuo sendo a mesma. Meus olhos ainda veem, minhas mãos ainda escrevem e meu coração ainda bate — nada mudou, tudo está onde deve estar. Eu continuo sendo a mesma — inteira, partida, flamejante, vazia — e basta você olhar com atenção, duas vezes, ou talvez três, para enxergar que ainda estou aqui.
Você está disposto a olhar?
Eu nunca fui embora. E apesar de ser, hoje, apenas um pouco mais do que fui ontem, você ainda não consegue me ver.
Talvez não seja mesmo para você me encontrar.
Um recado da autora: apesar de tudo, eu continuo sendo a mesma
São as coisas que mudam ao nosso redor, são as pessoas que se transformam e não nos reconhecem mais. Apesar de tudo, a gente continua aqui.
Comentários