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  • Foto do escritorKatherine Carvalho

Memória seletiva

Minha memória é seletiva.


Todos os dias eu escolho o que lembrar e o que esquecer. Já se passaram anos desde que eu comecei a fazer isso, e o curioso é que continua dando certo. Você já tentou escolher o que vai se lembrar amanhã?


Nada é mais seu do que seu pensamento: é você que escolhe quais pensamentos ficam e quais vão embora. E uma vez que os pensamentos invariavelmente se transformam em sentimentos, o que você pensa, você sente também, então você escolhe o que sente e o que não sente. Não é simples nem fácil, não vou mentir pra você — mas eu tento todos os dias, e quando não consigo, no dia seguinte eu tento de novo.


Sem desistir. Sem desanimar. Uma hora dá certo. Minha memória é seletiva e eu escolho com muita cautela o que fica e o que vai, porque o que fica tem que fazer florescer, e o que vai não pode voltar nunca mais. Escolha com cuidado, não tenha pressa ao definir o destino de cada lembrança: é preciso pensar antes de deixá-las criar raízes e pensar ainda mais antes de mandá-las embora.


Faço limpezas diárias: deixo o que me faz bem e expulso o que me faz mal (com agressividade, se necessário). Eu escolho deixar em mim lembranças felizes, e abandono memórias que me destroem e despedaçam. Eu escolho ficar com as que me refazem, remendam e restauram: eu fico com tudo aquilo que reúne meus cacos e os costuram de volta no lugar. Eu abandono o mal e o sofrimento, fico com o bom e com a cura.


Deixo o que foi e fico com tudo o que pode ser.

Deixo ir o que quase me matou, deixo entrar o que me faz querer viver.

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Por Katherine Carvalho

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