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  • Foto do escritorKatherine Carvalho

Morre Gal Costa aos 77 anos, ícone da música popular brasileira

Os amantes do MPB estão em luto — notícia do falecimento da cantora foi confirmada por sua assessoria, mas a causa da morte ainda não foi divulgada


Foi confirmada nesta quarta-feira (09) a morte do ícone da música popular brasileira, Gal Costa, aos 77 anos. A causa da morte, no entanto, ainda não foi divulgada, mas sabe-se que, em setembro deste ano, a cantora precisou adiar uma série de shows devido a uma cirurgia de retirada de um nódulo na fossa nasal. Seu estado de saúde, porém, não era alarmante, segundo sua assessoria de imprensa, que informou que ela logo retornaria às atividades nos palcos.


Nascida em Salvador no ano de 1945, com o nome de Maria da Graça Costa Penna Burgos, a cantora iniciou sua carreira ainda adolescente, cantando em festas escolares e trabalhando numa loja de discos, no estado da Bahia. Foi lá que se apaixonou pela Bossa Nova e decidiu que era ali que ia fincar raízes.


Mais tarde, em meados de 1960, Gal Costa se junta a grandes nomes da música brasileira, como Gilberto Gil, Tom Zé, Caetano Veloso e Maria Bethânia, organizando shows de inauguração e lançando discos que posteriormente se tornariam verdadeiros sucessos. Ao lado de Elis Regina, atuou fortemente na época do regime militar do Brasil, representando uma forma de combate artístico contra a ditadura.


É válido lembrar que o período sombrio da história brasileira foi bastante significativo na carreira de Gal Costa — num momento em que era perigoso cantar e se expressar, Gal transformou as dores e os medos dos brasileiros em música e apresentou Divino Maravilhoso no IV Festival da Música Popular Brasileira, onde foi aplaudida e vaiada na mesma medida. Semanas após o festival, foi promulgado o AI-5, decreto que suspendia direitos humanos básicos e quaisquer liberdades individuais da população do Brasil — responsável também pela prisão dos autores da música apresentada por Gal Costa: Caetano Veloso e Gilberto Gil, que mesmo sem provas do suposto “crime”, foram enviados ao exílio em Londres, onde permaneceram até 1972.


A prisão e exílio de Caetano e Gilberto representou um divisor de águas na vida de Gal Costa: a partir de então, a cantora agrega ainda mais os valores da Bossa Nova em suas músicas e traz mais emoção à voz e entonação, tomando para si o papel de representante dos amigos exilados e da juventude que sofria com o regime militar.


Embora não fosse uma das combatentes da ditadura mais ativas, Gal Gosta foi um nome fundamental para o movimento de resistência entre os anos de 1964 e 1985, insuflando ideias de coragem, luta, amor e paz em suas músicas, instigando quem a ouvia a se manter firme até que aquela fase ruim passasse.


Apesar de ter se passado tanto tempo, Gal Costa continua sendo um ícone da música popular brasileira para muitas pessoas, jovens que se inspiram em seu jeito singular de ser e na forma de expressar arte sem medo e sem vergonha. O fato é que nomes e rostos podem se perder com o passar dos anos, mas a memória fixa da resistência, da poesia, da arte e da cultura não envelhecem nunca.


Há muitos anos, Maria da Graça Costa Penna Burgos nascia em Salvador e estava destinada a fazer história, e embora tenha partido hoje para muito, muito longe, o penteado armado, o tom de voz agudo e a linguagem provocante, suas marcas registradas mais famosas, são inesquecíveis, e permanecem na memória dos fãs e de seus milhares de admiradores, que continuam escutando suas músicas incansavelmente, mesmo depois de tantos anos, como se ela tivesse acabado de lançá-las.

Obrigada!

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Por Katherine Carvalho

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