O processo de criação não é linear.
Haverá dias em que você vai produzir muito, e dias onde produzir parecerá a coisa mais difícil do mundo. E está tudo certo em seu processo de criação se assemelhar mais a uma montanha russa do que a uma estrada reta — não tem problema nenhum em estar lá em cima num dia e, no outro, lá embaixo.
Tem dias que a única coisa que posso fazer para sobreviver é beber uma garrafa inteira de água e tomar remédio para enxaqueca. Nesses dias, é impossível pra mim produzir o que quer que seja, e por mais que eu me cobre, a coisa mais produtiva que faço é dormir e sonhar uns sonhos doidos.
Em compensação, tem dias que as coisas fluem de mim com tanta facilidade que parece que sou feita de arte. Respirar é produtivo, rir é produtivo, tomar sol é produtivo, e um texto nasce sem que eu precise fazer um mínimo esforço. Nesses dias, respiro profundamente, aproveito o máximo que eu puder, porque sei que não vai durar muito.
Está tudo bem em ter um excelente dia e, no outro, estar cansado. Está tudo bem em se sentir impotente de vez em quando. É perfeitamente normal chegar ao fim do dia se culpando pelo absoluto nada que você fez — nesses dias, eu simplesmente peço perdão a mim mesma e rezo por um amanhã mais legal, mais produtivo. E ele sempre vem.
É uma vida de equilíbrios: num dia, nada, no outro dia, tudo. Como um ciclo que repetidamente se sucede, assim eu sigo, nunca desanimando quando as coisas ficam feias, nunca me iludindo quando tudo está perfeito. Porque o processo de criação não é linear, e se eu não produzi nada hoje, tudo bem. Amanhã já será outro dia, e quem é que sabe…?