A persistência das aranhas
- Katherine Carvalho
- 25 de set. de 2022
- 1 min de leitura
Atualizado: 26 de out. de 2024

Eu fiz amizade
com a aranha
que mora
na janela do banheiro.
Toda vez que alguém
destrói sua teia,
ela persiste
e persiste
e persiste.
E no dia seguinte,
tudo está construído
de novo.
Como deve ser,
eu me pergunto,
ver todo o seu trabalho
destruído,
assim,
da noite para o dia?
E ter que refazer
Tudo
Todo dia?
Por isso eu digo que
a persistência das aranhas
é comparável apenas
à
persistência das formigas.
Um recado da autora: que bichos persistentes, essas aranhas
Sei bem do que estou falando. Escrevi esse poema quando tinha uns 14 anos. Tinha uma aranha na janela do meu banheiro quando eu morava em São Paulo. Todo dia no banho eu ficava admirando ela. Era muito bonita e construía sua teia atrás dos shampoos. Eu não deixava meu pai matar ela, mas um dia eu entrei no banho e vi que a teia dela não estava mais lá. Alguém a tinha tirado. Fiquei triste, confesso que quase chorei. Ela tinha até nome: Octavia. Eu nos considerava amigas. Uma respeitava a outra. Mas aí uns 2 dias depois lá estava a teia dela de novo. Foi daí que surgiu a ideia para esse poema. Até hoje, muitos anos depois, esse continua sendo um dos meus poemas favoritos.
Adorável, que fofura de poesia!
Eu sempre tive medo de aranha mas, após descobrir o gatilho, estou tentando criar uma relação mais amistosa com as senhoritas pernudas, e você acaba de me ajudar. Obrigada!