![Mulher em pé numa doca à beira de um lago](https://static.wixstatic.com/media/41b8a4_681266bb2cbf493889c22ce94c2a9505~mv2.jpg/v1/fill/w_980,h_657,al_c,q_85,usm_0.66_1.00_0.01,enc_auto/41b8a4_681266bb2cbf493889c22ce94c2a9505~mv2.jpg)
Sinto um prazer quase perverso ao imaginar você sofrendo.
Não é um sentimento bom ou saudável, e nem me faz bem, mas tem sido minha única fonte de alimento nos últimos tempos, desde que você partiu meu coração. Talvez você nem esteja sofrendo, mas a simples ideia de você estar como eu já me traz algum conforto. A simples ideia de, um dia, alguém fazer com você o mesmo que você fez comigo, provoca em mim uma reação engraçada, um misto de regozijo e deleite, misturado a nojo e aversão.
Não é parecido com nada que eu já tenha experimentado antes. Não é daqueles prazeres gostosos que contorcem a barriga, não é a sensação boa depois de dar risadas profundas. Não é o êxtase maravilhoso que sucede um abraço ou um beijo, não é nada que me faça ter orgulho de sair por aí dizendo.
O prazer que sinto ao imaginar você sofrendo é algo sujo e pérfido, um vírus desconfortável que se instala e suga, como um parasita. É um alimento que me sustenta, mas que eu gostaria muito de nunca mais ingerir. Algo que corrói, vicia e contamina, é difícil me desgarrar dele. Eu preciso dele enquanto não me curo de você.
Quem sabe um dia eu me livre dele, e me alimente de outras coisas: emoções boas, construtivas, sentimentos que me fazem bem. Quem sabe um dia eu esteja num patamar muito acima do seu, em que consiga te perdoar e te esquecer, em que eu consiga parar de pensar em você. Quem sabe um dia eu pare de te desejar tudo isso, mas acho que até chegar lá, ainda vou percorrer um longo caminho. E não vejo problema nenhum nisso.
Eu me orgulho de nunca ter desejado o mal a ninguém, e continuo não desejando o mal a você, mas eu gostaria muito que você sofresse exatamente o tanto que eu sofri. Isso não é errado, é? Que mal tem em querer que você sinta o que eu senti? É justo.
Se eu aguentei, você também vai aguentar. A dor me fez mais humana, quem sabe vai tornar você mais humano também.
Pelo menos, eu acho.
Se doer demais, me avise.
Um recado da autora: já sentiu algum prazer perverso?
Sei que não é legal falar uma coisa dessas, mas é agradável sentir um prazer perverso às vezes. É que quando você é machucado, uma parte da bondade vai embora do seu coração. Aí quanto mais as pessoas te machucam, mais seu corpo vai ficando maculado. É justo, ou melhor, é até saudável, que você exercite um pouco esse seu lado maldoso. Não é certo que só a gente sofra. Combinado?
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