![Máquina de escrever com uma folha escrito "notícias" em inglês](https://static.wixstatic.com/media/41b8a4_a1104b19527346998c164661a01ced61~mv2.jpg/v1/fill/w_980,h_653,al_c,q_85,usm_0.66_1.00_0.01,enc_auto/41b8a4_a1104b19527346998c164661a01ced61~mv2.jpg)
Jornalista é o fofoqueiro, é quem espia por trás da cortina enquanto os vizinhos brigam na rua. É quem bota o celular pra gravar o homem batendo na esposa e depois mostra pro porteiro, pro zelador, pra polícia. É ele que sabe que tem que meter a colher, sim.
Jornalista é aquele que pega a cadeira mais desconfortável do mundo e a transforma numa poltrona de veludo se for pra ouvir uma boa história. É quem descobre coisas novas falando com um, depois com outro, depois com a prima da empregada, e a neta da melhor amiga da empregada, até chegar no cerne do problema, no tutano do osso, pra poder resolver toda aquela merda na qual ele se meteu.
Jornalista é isso, adora se meter em várias merdas, não tem outra palavra. Mas mais que tudo, ele adora resolver essas merdas, e ele não desiste até resolver. Até porque, o “não” ele já tem. Ele vai atrás do “sim”. Jornalista é quem pega a máquina fotográfica, o bloquinho sem pauta e a caneta e se embrenha no meio do protesto pra capturar o momento exato em que um manifestante é atingido pelo gás de pimenta.
Depois, é claro, o próprio jornalista é atingido, mas o que isso importa? Ele conseguiu o furo, ele conseguiu uma foto maravilhosa, ele vai escrever uma matéria linda sobre a manifestação que aconteceu naquele dia, e o que importa um gás de pimenta a mais ou a menos no olho?
Jornalista é isso, é foda-se para o que vai me custar, eu simplesmente tenho que ir atrás da verdade, e depois mostrá-la pro mundo. É esse o trabalho do jornalista. É arriscar a própria vida, é ir contra o sistema, é sair correndo dos militares em 1964, é perder, às vezes, e depois continuar lutando.
Jornalista é bater de porta em porta para descobrir por quê diabos aquilo aconteceu, quando, onde, como, quem viu? É sentar noites e noites inteiras e escrever até cansar, depois reescrever tudo de novo pra ficar perfeito, e nunca fica, porque nem o próprio jornalista é perfeito.
Chega próximo, bem próximo, eu admito, mas o jornalista sabe que sempre vai ter um detalhe escondido, uma verdade oculta, uma pergunta que ninguém fez, que vai deixar a matéria incompleta.
E é esse o nosso trabalho.
É procurar, e mesmo não achando, continuar procurando.
Um recado da autora: sou jornalista por formação, mas marketeira por profissão
Apesar disso, sempre tive uma alma inconformada e que clama pela verdade e pela justiça. Esses são atributos que (acredito eu) todo jornalista deveria ter, e é algo com que se nasce, não que se aprende. Então, apesar de trabalhar com marketing a vida inteira, sei que não escolhi a faculdade de jornalismo à toa. Teve um motivo pra eu ter seguido por esse caminho e hoje eu sei exatamente qual é.
Lindo, lindo, lindo! Dá para sentir o amor adicionado a cada palavra, tem muita essência. Existe uma simbiose clara entre a sua personalidade e o jornalismo. A sua habilidade com a escrita não nega. Bendita seja a vida que, quando quer, proporciona o alinhamento do nosso ser.