![Chão rachado e remendado com curativo adesivo](https://static.wixstatic.com/media/41b8a4_60d278c676164828b7cfc4b0f7aa4066~mv2.jpg/v1/fill/w_980,h_572,al_c,q_85,usm_0.66_1.00_0.01,enc_auto/41b8a4_60d278c676164828b7cfc4b0f7aa4066~mv2.jpg)
Nunca se esqueça de quem te fez querer morrer.
Porque as pessoas esquecem — esquecem todo tipo de coisa, a chave do carro, a carteira, o relatório do trabalho, mas esquecem principalmente aquilo que é mais conveniente.
Quem mata, esquece, mas quem quase morre, lembra pra sempre.
E eu nunca fui de me apegar a conveniências.
Não esquecer é um dom. É um privilégio. Se você esquece, fica à mercê dos mesmos erros todos os dias. Mas sofremos demais, choramos demais, e eu estou cansada de esquecer o rosto de quem me machucou.
Você não está? Voltar pra quem quase nos matou não é mais uma opção. Eu lembro de você, e de você, e de você, e não se sinta lisonjeado, porque isso não é uma coisa boa.
Eu me lembro de você. Você se sente mal com isso?
Ou já se esqueceu do que fez comigo?
O meu conselho, então, é que você se lembre. Lembre-se de viver, mas também lembre-se de não esquecer. É um compromisso que eu tenho com a minha história e com a minha vida, e que você deve ter também. Você deve isso a si mesma.
Ele pode não se lembrar mais de você, pode estar fazendo o que faz de melhor com outra menina, que talvez seja tão ingênua quanto você era, mas você lembra pelos dois. Ou pelos três, você decide. Ela vai lembrar um dia também.
Temos que ficar juntas, e temos que viver uma vida que eles nunca sonharam pra gente. Porque, por mais que eles se esqueçam, eu não me esqueço. Eu evoluo, eu mudo e me transformo, eu renasço, cresço e ressuscito. Eu vivo — muitas outras vidas —, eu cultivo outros amores, mais saudáveis que o seu, mais eternos que o seu, eu me desmancho e me refaço mil vezes, muito, muito longe de você.
Mas nunca, nunca na vida, vou me esquecer de quem um dia me fez querer morrer.
Eu nunca, nunca na vida, vou me esquecer de você.
Um recado da autora: não deixe ninguém ter sobre você o poder de te fazer querer morrer
Esse texto foi escrito quando eu estava passando por um período emocional turbulento particularmente difícil, meu coração estava partido e parecia que nada mais fazia sentido. Hoje não me orgulho de ter desejado acabar com tudo, mas me orgulho de ter percebido, meses depois, que não vale a pena, em hipótese alguma, morrer por alguém.
A falta de memória é uma benção e uma desgraça. Esquecer faz com que doa menos, mas não dura muito. Erros que se repetem se intensificam, se somam, crescem feito uma bola de neve. É preciso manter a memória fresca para assegurar a guarda, porque devemos e merecemos ser melhores do que já fomos.
Nunca quis morrer por ninguém, mas já desisti de morrer por uma pessoa, e tomei uma bela apunhalada pelas costas (sigo arrependida).