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  • Foto do escritorKatherine Carvalho

Uma resenha do filme “Boa noite, mamãe”: a prova de que você precisa prestar atenção aos detalhes

Pôster do filme "Boa noite, mamãe" com Naomi Watts

● 2022

● Direção: Matt Sobel


Esta resenha do filme “Boa noite, mamãe” contém spoilers


Dizer que o diretor Matt Sobel soube brincar perfeitamente com a cabeça do espectador seria extremamente superficial, uma vez que, desde o início, quem assiste ao filme interpreta a trama de um jeito até que, de uma maneira brilhante, o enredo sofre uma reviravolta e revela que estivemos errados esse tempo todo. 


De certa forma, quem assistiu à versão austríaca de 2014 de “Boa noite, mamãe” não vai se surpreender tanto com a revelação bombástica da versão estrelada por Naomi Watts, mas se você, como eu, não conhecia a história, talvez sofra um colapso tão grande quanto o que eu sofri.


A máscara branca é só uma distração para o verdadeiro plot do filme


O problema é que ao acompanhar a chegada dos gêmeos Lukas e Elias à casa da mãe e encontrá-la com uma máscara branca bizarra cobrindo todo o rosto, o espectador é levado a deduzir que a vilã ali é a estranha que se recusa a revelar a face aos filhos. E isso só piora no desenrolar do filme, quando os meninos começam a ter certeza de que o comportamento da mãe está estranho e se convencem de que ela é, na verdade, uma impostora. 


Os gêmeos possuem uma conexão interessante. Parecem ser, de fato, uma extensão um do outro. Eles embarcam juntos na tarefa de desmascarar a impostora que se passa pela mãe, que misteriosamente os proíbe de entrar no celeiro na propriedade da residência. Tudo muito suspeito — o filme parece ter um final claro e previsível até que, de repente, tudo desmorona.


A relação entre os gêmeos (e com a mãe) não é tão saudável quanto parece


Nas cenas que antecedem o clímax do filme, vemos Lukas convencendo Elias a fazer coisas que ele claramente não quer fazer, tudo no suposto intuito de revelar a verdadeira identidade da mãe — coisas como amordaçar e prender a impostora. Nota-se que Elias está desconfortável com a situação, e isso apenas se comprova quando a mãe se compadece do filho, confortando-o e dizendo que está tudo bem. Quando Elias enfim percebe que a mãe não é uma impostora coisa nenhuma, alguma peça do filme parece se encaixar. 


Neste momento, percebemos que há algo de muito errado em toda a trama. Onde está Lukas? Por que o gêmeo de Elias desapareceu? Por que a mãe está dizendo aquilo? O que aconteceu de tão grave para a mãe precisar levar Elias até o celeiro? E é então que a revelação se coloca frente a frente com os protagonistas, e Elias é forçado a encarar a realidade: Lukas na verdade está morto, foi Elias quem o matou sem querer, e a imagem do irmão gêmeo é apenas uma projeção de sua mente perturbada que tenta fingir que está tudo bem e que Lukas ainda está vivo.


Realmente, uma impostora


No fim de tudo, a mãe era, sim, uma impostora — mas não da forma que todos nós imaginávamos no começo. Ela fingia enxergar Lukas para manter a farsa que Elias criou. Ela fingia que Lukas ainda estava vivo porque, assim, Elias não se sentiria culpado por ter atirado por engano no irmão. Mas olhando em retrospecto, se assistirmos de novo ao filme, veremos com clareza que em nenhum momento da trama a mãe interage diretamente com Lukas. Todas as interações acontecem apenas com Elias, simplesmente porque Lukas não está lá. Essa, na minha humilde opinião, é uma jogada tão inteligente do diretor que eu mesma não pude ser capaz de perceber esse detalhe antes que o segredo bombástico do filme finalmente se revelasse. 


Com suspense, mistério e drama na medida certa, “Boa noite, mamãe” é um filme que com certeza estará na minha lista de “assistir novamente”. E dessa vez, eu prometo, prestarei atenção em todos os detalhes.

Obrigada!

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Por Katherine Carvalho

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