top of page
  • Foto do escritorKatherine Carvalho

Uma resenha do filme “The old guard”: um filme que eu queria muito que fosse um livro

Pôster do filme "The old guard" na Netflix

● 2020

● Direção: Gina Prince-Bythewood


Esta resenha do filme “The old guard” contém spoilers


O mais interessante ao assistir “The old guard” é, na minha opinião, iniciar a experiência sem ter lido a sinopse. Porque, nos primeiros minutos, é impossível não se perguntar do que diabos a protagonista está falando ao dizer “Já estive aqui antes”. Afinal, quem é que pode ser fuzilado por várias metralhadoras mais de uma vez, não é? E depois, nos 10 minutos seguintes, a gente percebe o significado daquela frase: o grupo de protagonistas é, na verdade, um pequeno exército de imortais. Então, sim, eles podem muito bem ser fuzilados mais de uma vez, tranquilamente.


Uma produção impecável na minha humilde e nada especialista opinião


Piadas à parte, “The old guard” é, na opinião singela de uma pessoa que está longe de ser uma especialista, uma obra-prima que merece ser assistida muitas vezes (ou muitas vezes na mesma semana, como é o meu caso). Vou elencar tudo de que mais gosto nesse filme a seguir.


Em primeiro lugar, acho que não teria atriz mais perfeita para viver Andy do que Charlize Theron. E não estou falando isso só porque acho ela linda. Falo isso porque ela conseguiu capturar perfeitamente a energia da Andy e transmitir a todos que assistem: uma imortal de 6.000 anos cansada, de saco cheio com as maldades e atrocidades do mundo, de saco cheio de salvar um monte de gente e não adiantar p**** nenhuma, mal-humorada (porque, convenhamos, quem é que vai se preocupar com bom-humor estando há 6.000 anos caminhando por essa terra?) e sem paciência nenhuma para meias palavras, conversa fiada ou conveniências. Sim. É exatamente essa a energia que eu esperava da Andy e é exatamente essa energia que a Charlize Theron entregou, então obrigada, Charlize, sei que você nunca vai ler isso, mas enfim. 


Em segundo lugar, Nile, a imortal mais recente que se junta ao grupo, é uma das personagens mais cativantes que já vi num filme. Isso porque, a princípio, ela se recusa a acreditar que é imortal (mesmo já tendo morrido duas vezes) e, quando enfim acredita, quer testar de várias formas que seu corpo realmente não pode morrer: isso acontece quando ela coloca voluntariamente a mão no fogo e quando dá um tiro no próprio pé. É incrível assistir e, se eu fosse imortal, eu faria a mesma coisa.


O desenvolvimento de uma linda amizade


Em terceiro lugar, é muito legal acompanhar a evolução do relacionamento entre a Nile e a Andy. No início, Andy considera Nile um fardo, um atraso na viagem, e quando decide ir buscá-la, é apenas mais uma tarefa que ela tem que cumprir. O espectador sente que Andy não tem conexão emocional nenhuma com Nile (e Nile com certeza percebe isso também, porque a antipatia entre as duas é instantânea), mas no decorrer do filme, algo ali muda e conseguimos observar com clareza o surgimento de um afeto e respeito genuínos de ambas as partes.


Em quarto lugar, a história da Quinn dá um toque todo especial ao filme: ao mesmo tempo em que o espectador se sente triste e frustrado pelo destino da imortal, que foi condenada a viver eternamente presa num caixão de ferro no fundo do mar, sente-se também culpado junto com Andy por ter abandonado a busca pela amiga (mesmo que a culpa não seja dela — afinal, como ela ia achar Quinn? Não tinha como).


Em quinto lugar, o relacionamento de Joe e Nicky é um dos mais fofos e lindos que já vi. Gosto muito do fato de um dos meus casais cinematográficos favoritos ser homossexual, e além disso: Joe e Nicky se conheceram nas Cruzadas — isso desbanca toda teoria de gente retrógrada que diz que “antigamente essa pouca vergonha não existia”. Existia, sim, e nunca foi, e nunca vai ser, pouca vergonha! Joe e Nicky têm meu coração até o fim.


Uma sintonia que dá gosto de ver


Em sexto lugar, nunca vi um grupo de personagens que agem em tão perfeita sintonia. Sei que são atores apenas fazendo seu trabalho, mas o fato aqui é que tudo ficou tão perfeito que por um momento a gente esquece que aquilo não passa de um filme. E estou falando do filme como um todo, mas principalmente da parte do resgate onde os cinco imortais lutam contra o exército particular do vilão farmacêutico que os captura e tortura. A sincronia com que eles se movem, puxam as armas, recarregam, compartilham munição e protegem uns aos outros, sem sequer um segundo de hesitação… é simplesmente um dos grupos mais bem entrosados já retratados, e isso deixa claro que eles estão juntos fazendo isso há muito tempo: séculos, e talvez milênios. 


Em último lugar, a trilha sonora. Ponto final. A direção do filme soube escolher as músicas ideais para cada momento da história, e devo dizer que não há nenhuma situação onde cenário e trilha sonora se desencontram. Enfatizo especialmente a cena da igreja em conjunto com a música “The world we made”, de Ruelle, e a cena de Nile no elevador ao som de “Going down fighting”, de Phlotilla, Andrea Wasse e Topher Mohr. A trilha sonora é tão boa, mas tão boa, que você talvez até queira baixar a playlist oficial do filme. E se você, como eu, gosta de assistir ao mesmo filme repetidas vezes até decorar as falas, talvez se lembre de cada cena ao escutar as músicas também.

Obrigada!

gulfer-ergin-LUGuCtvlk1Q-unsplash.jpg

Explore

Visite minha loja na Amazon e conheça meus contos, crônicas e livros

Por Katherine Carvalho

bottom of page